17º dia - 11/01/2018 - Acidente

Buenas, pessoal!
Infelizmente, o que ninguém espera em travessias como a minha - viagem ciclística (no meu caso, de Montenegro, no Rio Grande do Sul, até Ushuaia, na Argentina, num percurso de 4.800 km) -, mas que é um risco sempre presente, aconteceu: me envolvi em um acidente de trânsito que mudou completamente a história desta percorrida.
Saí de Las Flores de manhã bem cedo, pois teria 120 km para percorrer até Azul, com a expectativa de almoçar em Cachari, exatamente no meio do caminho.
O dia estava muito quente e abafado já de manhã, apesar do chuvisco que caiu ontem à tardinha. O vento é que mudou de direção, ficou mais de frente pra mim, mas estava bem suportável.
A paisagem desta região é sempre a mesma: uma gigantesca planície, e faz mais de 200 km que não subo uma lombinha sequer. A estratégia de pedalada teve que mudar nos últimos dias por conta dessa peculiaridade: como fico mais tempo sentado no selim, e não há descidas com as quais possa contar para descansar, o jeito é aumentar as paradas. Assim, a cada 5 km encostava a bicicleta numa placa de trânsito, tomava água e aguardava alguns minutos para retomar o giro do pedivela.


Numa das paradas, à sombra de enormes eucaliptos, ouvi, próximo a mim, um barulho diferente no chão, em meio às folhas e galhos secos caídos.  Curioso, fui xeretear. Que surpresa! Encontrei um filhote de tatu tentando fugir de mim, pois sem querer eu parei exatamente ao seu lado. Ah, tudo bem que só piorei o seu pavor, mas levantei o bichinho para um close!



Após as fotos, recoloquei-o sobre a grama e acompanhei sua corrida desengonçada até uma moita, onde retomou sua desesperada cavação para escapar daquele ET que de repente parou ao seu lado e ainda o fisgou para um retrato...
Cheguei em Cachari às 12h, e encontrei uma boa parrijada onde almocei. 
Do outro lado do restaurante, ainda à beira da rodovia, há um belíssimo parque municipal, que também serve como área de camping. Após almoçar, entrei no parque, encontrei uma boa sombra, e sesteei até às 14h30min, para escapar do calor do sol do meio dia.
Às 15h, estava na rodovia novamente. Na previsão, pedalar 60 km e chegar em Azul, onde pernoitaria. 
Aí, apaguei...


Retomei a lucidez às 17h, dentro de uma ambulância, indo para Azul para fazer uma tomografia da cabeça. A enfermeira que me acompanhava disse que minha bicicleta foi atingida por trás, sobre uma cantarilla (espécie de pontilhão para passagem de água), por um automóvel que tentou passar entre mim e um caminhão que vinha em sentido contrário. Segundo relato do motorista do caminhão, o veículo bateu na bicicleta e a projetou de uma altura de 4 metros para o fundo da cantarilla. Eu fui arremessado para a frente, batendo com o ombro direito no asfalto, rompendo os ligamentos. Também tive um corte na cabeça, que sangrou muito, e diversas escoriações nas costas, pernas e braços. O motorista do veículo, ao invés de parar, contudo, acelerou e desapareceu no horizonte. 
A enfermeira também me disse que a bicicleta não teria mais condições de rodar, pois ficou bastante danificada.
Depois da tomografia em Azul, retornei para Cachari. Ficarei hospitalizado por alguns dias, e resolvi contatar com minha família, para virem para cá, pois estou muito indeciso sobre o que fazer, sem condição de decidir nada por ora sobre o futuro da viagem.
Que lamentável...
Bait'abraço!

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