6º dia - 31/12/2017 - O primeiro acampamento

Buenas, pessoal!

A noite passada foi de muito calor em Arroio Grande. O hotel onde pernoitei tem uma arquitetura típica do casario da região - teto baixo e janelas pequenas -, o que evidentemente não favorece boa ventilação.  E levando-se em conta que meu apartamento só tinha ventilador, transpirei muito.

Mas era dia de seguir viagem, a BR-116-sem-acostamento me esperava. 

Quando completei exatos 400 km de percorrida, desde que saí de Montenegro, encontrei uma placa de Jaguarão. Tirei uma foto para a posteridade.

Andei os primeiros 30 km debaixo de sol forte e vento sudeste. Embora saiba que essa será uma constante na minha viagem - vento contra -, o relevo muito acidentado da região - subidas de até 2 km de extensão e grandes descidas também - tem conspirado em desfavor do meu desempenho, porque nas subidas o vento faz pesar ainda mais a bicicleta e na descida sou obrigado a pedalar porque senão ela simplesmente pára.

No caminho, sempre de olho comprido atrás de água, encontrei um barzinho de beira-estrada. Me aproximei e vi que era coberto de capim santa-fé. Algo raro, mesmo no interior, onde as telhas de fibroamianto substituíram há muito as coberturas com material nativo. O dono me falou que ambos- ele e o capim - estão ali, naquela mesma estrutura, há 35 anos...

E essa pequena cruz, postada no alto de uma coxilha, mas próxima à rodovia? Parei a aproveitei para agradecer pelo ano que está terminando e pedindo graças e bênçãos no ano que está começando.

A fauna também é diversificada uma coisa por demais nesta região. Como há muitas pastagens e aguadas, a quantidade de lagartos, garças, pequenas aves, maçanicos, impressiona. E hoje quem deu o ar da graça foi uma ema! Toda exibida, veio se chegando, curiosa, até parar para a foto - a uma distância segura, claro... 

Almocei em um restaurante a 3 km de Jaguarão, e virei o assunto entre os clientes. Algumas famílias já acessaram ali mesmo o blog, e fiquei muito feliz com a reação positiva de todos, de incentivo e votos de sucesso na minha jornada. É bacana ver gente de todas as idades perguntar de onde venho, para onde vou, sobre a bicicleta, se é promessa, onde durmo, quanto percorro por dia...

Enfim, cruzei a Ponte Mauá, entrei no Uruguai, e pedalei direto até uma pousada onde havia parado 4 anos atrás, na cicloviagem que fiz até Colônia de Sacramento. Para minha surpresa, estava fechada. Voltei mais 1 km e encontrei outra pousada à beira do Rio Jaguarão. Não havia quartos disponíveis mas o proprietário permitiu que eu montasse a barraca debaixo de umas árvores, franqueando o acesso à cozinha e ao banheiro da pousada. O tempo já estava bem armado pra chuva, pensei: antes aqui do que na praça. Montei acampamento, tomei banho e preparei minha ceia de virada de ano - miojo e almôndegas enlatadas.

Neste momento, já temos a companhia da chuva. E previsão de muita água o dia todo amanhã.  Não sei como será a percorrida dos 90 km até Melo. Com chuva, provavelmente.

Quero aproveitar este momento para desejar a todos uma ótima virada de ano. Aproveitem, beijem e abracem quem vocês querem bem. Não posso fazê-lo fisicamente - estou separado da minha família algumas centenas de quilômetros -, então faço votos que todos vivamos um 2018 de paz, serenidade, trabalho e conquistas de todos os desafios a que nos propusermos.

Fiquem bem.

Bait'abraço!