19º dia - 13/01/2018 - O pior naufrágio é não partir...

Buenas, pessoal!
Uso famosa frase do navegador brasileiro Amyr Klink para intitular a postagem de hoje, no blog ("O pior naufrágio é não partir!"), por conta de tudo o que inesperadamente aconteceu e que determinou o adiamento momentâneo da minha percorrida ciclística a Ushuaia, na Argentina, partindo de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
De fato, após 1.350 km percorridos de bicicleta desde minha largada, no dia 26 de dezembro, a lesão no meu ombro direito me impede, por ora, de poder continuar pedalando. Sofri um rompimento dos ligamentos da clavícula, e qualquer movimento do braço faz saltar uma ponta desse osso. É feio e muito dolorido. Sem chances de segurar um guidão de bicicleta por mais 3.400 km...
Tive alta médica hoje de manhã, e fui à Comissaria de Policia ver como ficou a bicicleta após a colisão traseira que sofreu. 
Bah!

  
O guidão entortou, o canote do selim entortou, até o garfo dianteiro entortou!
Levei a bicicleta a uma pequena oficina e consegui resgatar os freios hidráulicos, os câmbios, o pedivela e o selim. A caixa de centro ficou encravada, não houve como retirá-la. Tudo o que separei coube numa caixa de sapatos.
Da bagagem, quebraram os vidros de remédios, amassaram as panelas e os enlatados, as garrafas pets cheias de água estouraram e encharcaram minha roupa, as ferramentas molharam, os alforjes ficaram esfolados... por sorte os binóculos, o netbook, o GPS, a câmara GoPro e os demais equipamentos eletrônicos, protegidos, restaram intactos. 
Deixei o quadro para o dono da oficina descartar num ferro-velho e fui de carro ver o local do acidente.


Um buracão onde a bicicleta caiu! Quatro metros de profundidade, sobre o concreto do pontilhão. Muito do estrago está explicado. Ainda bem que me desvencilhei da bike e fiquei estendido sobre o acostamento, adiante do valo. Se tivesse despencado com ela nesse lugar...
Retornamos a Buenos Aires e resolvemos pernoitar no Hotel Rey - o mesmo em que parei quando da minha passagem pela capital federal, dias atrás. Ali, fizemos um levantamento da bagagem, descartamos tudo o que foi possível, doamos os alimentos, presenteamos um atendente do hotel (que também é ciclista) com acessórios, peças da bike, câmaras de ar, e amanhã voaremos de volta ao Brasil, rumo a Porto Alegre com conexão em São Paulo.

Não nego - por óbvio - que estou muito sentido com o desfecho inesperado do meu desafio. Preparei-me durante dois anos para essa percorrida.
O que sei é que o que me tocava fazer - planejar e executar uma viagem como essas - eu fiz. Mas não consigo antever tudo. 
Importante, contudo, foi "levantar âncora" e partir rumo ao próximo "porto", meu próximo destino. Por 17 dias estive na estrada curtindo uma viagem muito legal, de 1.350 km, conhecendo pessoas, lugares, rede hoteleira, campings, relevos, geografias, gastronomia, animais, paisagens, flores, frutas, enfim... não há nada do que reclamar ou lamentar.
Certo que completarei a viagem, só não tenho por ora como saber quando... mas será de Cachari, na Argentina, que retomarei a pedalada. Ushuaia está logo ali!
Porque, amigos, certamente "o pior naufrágio é não partir".

Obrigado a todos que tiveram a gentileza de ler o blog e acompanhar, como caroneiros virtuais, minha percorrida. A viagem prosseguirá, lhes prometo.
Bait'abraço!


Comentários

  1. Já desejamos desde agora uma boa sorte na próxima aventura. Nessa, os planos sofreram mudança drástica mas agora isso tudo faz parte de uma história, de uma etapa da vida. Tudo é experiência, e ainda bem que já está sendo superado. Abração e tudo de bom Paulo!!!

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  2. Caro Petry!! Eu que agradeço os momentos de leitura. Realmente, viajamos com você até esse momento. A melhor notícia foi a de que você está bem! Com certeza teremos outras aventuras para te acompanhar. Não fique triste. Desejo melhoras e até a próxima! E como você mesmo diz: bait’abraço pra ti, Amigo!!

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