15º dia - 09/01/2018 - Ruta 3!

Buenas, pessoal!

Já estou pedalando na Ruta 3, a estrada que liga Buenos Aires a Ushuaia numa extensão de mais de 3.000 km. Imaginem, permanecerei pelos próximos 45 dias nesta mesma rodovia!

Saí cedo de Buenos Aires, e exatamente a uma quadra do hotel, dobrei à direita, pegando a Avenida Independência, a qual, após mudar de nome diversas vezes, se transforma na... Ruta 3! Foi uma incrível coincidência, porque não reservei hotel pensando nisso.

O fato é que dobrei à direita, e após uns 15 km, saí da circunscrição da capital federal, entrando na Província (o Estado) de Buenos Aires. Foram 40 km de perímetro urbano. Mas, como quando surgiu uma espécie de pista lateral, preocupado com o trânsito, saí da estrada central e comecei a pedalar na via paralela. Por isso, não identifiquei o momento em que começou a contagem, na Ruta 1, da quilometragem como rodovia, para tirar uma foto do "Km zero".

A rua lateral é como aquela que existe em praticamente toda a extensão da BR-116, na região metropolitana de Porto Alegre (passa-se Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, sempre fora da BR). Mas, mesmo com todos os problemas que temos no entorno da capital gaúcha, estamos dando show, se comparado com os castelhanos. O que tem de carro abandonado, sujeira, obras inacabadas, entulhos, é algo! 

Essa fubica aí estava andando, sim senhor! Só parou porque seu motorista entrou numa padaria... E como essa há milhares atrapalhando o trânsito, ou quebradas apodrecendo à beira da rodovia.

O pior é que eu, sabendo que tinha uma pedalada de mais de 100 km hoje, não consegui fazer turismo em Buenos Aires. Esse é o problema de cicloviagens com dia certo para terminar: tenho um percurso para vencer, e o desafio cobra um preço, que é o de não poder permanecer mais dias nas cidades para conhecê-las melhor. Ficará para uma próxima vez, com toda a família - espero.

O que mudou também do dia para a noite foi o relevo. Percorri todo o trajeto hoje sem subir uma coxilha sequer! Essa parte que costeia o Rio da Prata é absolutamente plana, e não há necessidade de curvas nas estradas. Ou seja, foi sempre em linha reta e no plano. 

Ao meio-dia já tinha percorrido 60 km. Almocei num posto de combustível e quando fui pegar a bicicleta...

Hehehe... ainda bem que havia calibrador no posto. Em uma hora, estava pedalando novamente.

Foi quando me dei por conta que deveria ter tirado uma foto da entrada na Ruta 3. Acho emblemática a circunstância de já estar pedalando numa das rodovias mais extensas da Argentina. Então, mesmo 69 km atrasado, aí está o registro:

Cheguei ao cair da tarde em San Miguel del Monte, após 110 km percorridos, e me surpreendi com o que vi: é uma cidade balneária, pois costeia uma laguna (assim o nativo daqui chama o que para mim pareceu uma lagoa), que é, por óbvio, a referência de tudo o que acontece: esportes náuticos, shows, banho, corrida (há uma estrada pavimentada ao redor de toda a laguna, e deve ter uns 20 km de extensão). Lindo!

Consegui me hospedar numa pousada formada por cabanas, a 1 quadra na laguna. Janelas e portas abertas, o vento que vem daquele mundo d'água logo refrescou o ambiente, e meus "vizinhos" estão todos sentados nas áreas, jogando dominó, comendo e tomando mate.

Aproveitando a cozinha da cabana, preparei minha janta - miojo e atum - e pretendo ter uma noite reparadora de sono, porque a percorrida foi longa hoje, e sem uma folga para o recavém.

Amanhã, a previsão é pernoitar em Pardo, 120 km à frente. Vamos ver como todos os envolvidos nos comportamos: eu, a bicicleta, o vento, o relevo, o sol...

Sempre em frente!

Bait'abraço!