7º dia - 01/01/2018 - Batendo água!

Buenas, pessoal!
Choveu. E como choveu! A noite inteira.
Fui me deitar na barraca às 21h porque sabia que precisaria acordar cedo para desmontar acampamento, secar tudo e pedalar provavelmente o dia todo na chuva, até Melo, numa jornada de 90 km.
Mas confesso que, em barraca, normalmente não é uma noite bem dormida, daquelas de ferrar no sono e só acordar de manhã... Primeiro, porque eu estava muito apertado, pois a iglu é para duas pessoas e a bagagem teve que ser guardada dentro dela, me restando - a um homem deste tamanho - um espaço mínimo. Segundo, porque a chuva fazia um barulhão na lona. Terceiro porque não há como atacar a claridade das luzes. E na pousada a festa da virada foi até tarde, inclusive com banho de piscina na chuva...
Mas, enfim, às 05h me levantei e resolvi cronometrar o tempo que precisaria para guardar tudo no lugar novamente, desmontar acampamento, secar a barraca, montar a bicicleta, e me mandar: deu 02 horas!
Essa era a nossa estampa - minha e da bike - para enfrentar a chuva, às 07h30min, quando saí.


O mais incrível foi constatar que nenhuma panaderia (padaria) estava aberta, tampouco algum almacém (armazém). Acabei comprando a única coisa que me daria certa energia: um iogurte, que encontrei num posto de combustível.
Passei na Aduana, carimbei minha entrada oficial no Uruguai, e me botei a pedalar. Alguns quilômetros à frente, encontrei um entroncamento de rutas (rodovias) e, por um momento, me questionei se não seria melhor ir por Treinta y Três, um trecho que eu já percorri de bicicleta, ou aventurar-me no desconhecido, seguindo por Melo. 


A dúvida se foi rapidamente: toca desbravar o desconhecido. Segui em direção a Melo.
E foi uma surpresa atrás da outra!
A primeira delas, o relevo mais estúpido para um cicloviajante que eu já vi! Os obreiros do Uruguai simplesmente construíram essa rodovia sem fazer um corte sequer em coxilhas, ou aterro, para deixar a estrada mais plana. Foram dezenas, centenas de subidas e descidas, que simplesmente acompanhavam a ondulação das coxilhas. Um tobogã! Que sufoco! À medida que enfrentei as subidas, o cansaço foi pegando, comecei a empurrar a bicicleta morro acima, e devo ter caminhado no mínimo uns 10 km forcejando com a bike.



Talvez as fotos não consigam reproduzir com exatidão o que estou falando. Mas, clicando em cima delas, amplia-se a imagem, e fica mais fácil de ver o tobogã a que me referi antes...
Em segundo lugar, novamente fiquei sem almoço, porque não há um posto de combustível, ou um restaurante sequer, em todo o trecho. Num bar que encontrei após pedalar 65 km, que estava fechado por causa do feriado, o dono abriu só para me vender umas galletas (espécie de biscoito salgado, oco, farinha pura). Tinha que engoli-las com água, de tão secas... rsrsrs...
Aí chovia, aí parava... mas quando essa nuvem da foto despontou no horizonte, eu sabia que agora bateria água.


Dito e feito! Emparelhou d'água!
Pois, nesse dilúvio, acabei encontrando o Aimoré, cicloviajante que reside em Arroio Grande e que estava voltando para casa de uma viagem de 15 dias entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai. A bicicleta dele tem engatada uma carretinha, onde guarda comida, panela, fogareiro, bujão. E um baú de moto no bagageiro, para levar suas roupas. Animado o Aimoré, mesmo com vento contra, um aguaceiro, subida (pra ele), e no melhor dos humores. Que tal...


(Percebem o  dilúvio que estava caindo na hora da foto?)
Mais adiante, já bem próximo a Melo, um motorista uruguaio parou, ofereceu água, biscoito, ou alguma ferramenta se eu estivesse precisando. É o Roque Fonseca. Agradeci, mas fiquei com o número do seu telefone, caso precisasse de alguma coisa em Melo. Me indicou uma excelente pousada (Imperial), onde me alojei. Ótima indicação do novo amigo.


Quando, enfim, às 17h, vi esta placa, senti um grande alívio. Após um dia inteiro de pedalada subindo e descendo morro, sem café da manhã, sem almoço, monitorando a água, chegar a Melo foi uma vitória!


Agora, claro que está tudo fechado em Melo por causa do feriado, não tenho onde jantar uma comida decente, e vou continuar me empanturrando de farinha e água... rsrsrs...
Amanhã, o destino é Tupambaé, via Ruta 7. Preciso descobrir primeiro o estado da rodovia, porque no Google só diz que é uma importante ligação entre Montevideo e Melo. Vai saber...
Bait'braço!

Comentários

  1. Valeu. Estamos acompanhando. Vai te entupir de bolachas..kkkk

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  2. Mais que garra em Petry, com chuva, sol e ainda comendo farinha quase pura, boas pedaladas por aí, abraço!

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  3. Podia ter dado uma passadinha em Bagé!!! Ia adorar a visita!!

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  4. Segue firme Petry. estamos contigo. E feliz ano novo.

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  5. Vai com Deus Petry! Que pare a chuva e que vc continue firme!

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